sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Pensamento Antropológico

Todo estudo centrado em Antropologia Cultural está embasado em quatro enfoques interdependentes, co-geradores de uma única visão global e complexa da realidade humana:

. Anthropos . Ethnos . Oikos . Chronos .


Anthropos:

A mulher. O homem. A realidade individual; a natureza humana primordial.

Ethnos:

A nação. O povo. A realidade coletiva; a sociedade interAtiva das mulheres e dos homens.

Oikos:

A casa. O território. O espaço natural; o ambiente de vivência.

Chronos:

O tempo. O fluxo. O transcurso natural; a "pulsação" cósmica.


Dos quatro enfoques, co-dependentes, pode-se esboçar o conceito de cultura numa abordagem etno-antropológica, demarcando o "território" do pensamento antropológico.

Cultura:

O complexo da sociedade interAtiva das mulheres e dos homens no tempo e no espaço.

A construção-reconstrução das realidades individual e coletiva das mulheres e dos homens*, imersos em seu espaço de vivência, no transcurso natural de suas existências.

* O reforço dado a expressão "das mulheres e dos homens" tem a intenção, óbvia, de valorizar nossas duas naturezas humanas, tanto na busca das igualdades desejadas, quanto na compreensão das nossas diferenças inatas.


A Antropologia Cultural, que hoje deixou de pesquisar somente as sociedades primitivas para dedicar-se também às sociedades complexas, como as urbanas, possibilitou excelentes contribuições aos estudos pedagógicos. Na Itália, o Grupo Nacional Antropologia Cultural, do Movimento de Cooperação Educativa, centrado na pedagogia de Célestin Freinet, fundamentou-se nessa direção. Reproduzimos a seguir, em tradução livre do italiano, trechos desse documento que nos deu a certeza do caminho a percorrer na construção de um movimento de pedagogia fundamentado em bases etno-antropológicas.

Dossiê MCE `88

"Um educador que se orienta através de uma pedagogia popular precisa dispor de instrumentos que o ajudem a entender o surgimento das necessidades individuais e sociais, para entrar em perfeita comunhão com a cultura dos jovens com quem atua.

O MCE escolheu a direção da Antropologia Cultural porque esta lhe garante uma visão global do estudo do homem e um método interdisciplinar já amadurecido por suas investigações.

O uso da ciência humana na escola não se deve limitar a uma pesquisa particular (individual) e a aplicação de um só método de leitura e interpretação. Mesmo quando nos ocupamos do campo lógico-matemático, que tem um modo próprio de proceder, devemos saber ver o sentido cultural do aprendizado em relação ao patrimônio da própria criança.

Se queremos uma escola diversa daquela que aí está é preciso deixar claro quais são os seus objetivos e conteúdos, confrontando continuamente nosso projeto com aquele da cultura oficial."

Damos, do mesmo dossiê, outros pontos básicos para a fundamentação da própria Etnopedagogia:

O relativismo das culturas

"É importante não considerar óbvio o modo como vivemos e pensamos; é preciso reconhecer que a verdade não é única; é preciso conhecer o 'diverso', seja nas sociedades distantes no tempo e no espaço, como dentro da nossa própria realidade."

A leitura do território

"Saber redesenhar os sinais materiais do território, os traços concretos da sua história, talvez evidentes nos objetos, nas estradas, nas casas …, talvez cancelados, modificados, reaproveitados e, portanto, prontos a serem descobertos. Saber recolher a memória dos que habitam o território para encontrar os elementos de ruptura e de continuidade do passado. Saber reconhecer e revitalizar, para além do óbvio, a visão pessoal do ambiente em que se vive."

O imaginário

"Numa sociedade em que o imaginário é considerado não-realidade, pura fantasia, é preciso reconhecê-lo como um instrumento de conhecimento riquíssimo, um modo de organização e produção de experiências, repertório de símbolos, de fabulações, de representações do mundo estratificadas na história. É preciso saber, sobretudo, que o imaginário é ativado, desenvolvido, em harmonia com outros tipos de compreensão e de atividade criativa."

A dimensão histórica

"A dificuldade de renovação didática da história é aumentada pela resistência dos adultos em abandonar o transcurso da história tradicional, que já tem fixado os critérios de seleção das coisas do passado consideradas importantes. Rever esses critérios é, de fato, uma operação bem embaraçosa e requer grande empenho no campo ideológico, porque a história é um grande canal de condicionamento cultural. Para tanto, é preciso partir da história pessoal, da micro-história do território, das outras culturas e inclusive dos próprios conteúdos do imaginário, onde se encontram elos importantes do passado recente e distante."


Etnopedagogia

1 Concepção 7 Célestin Freinet
2 Pensamento 8 Paulo Freire
3 Estruturação 9 Ubiratan D`Ambrosio
4 Paradigmas 10 Edgar Morin
5 Vivências 11 Pessoas&Livros
6 Processo 12 E-pombo@Correio

Páginainicial

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